terça-feira, 27 de agosto de 2013

Verão Triste

O verão era o telhado do pobre
Era a roupa do mendigo
Alegrias e desfolhadas
E a ceifa do nosso trigo.
Mas... tudo isso vai mudando
Hoje há fogos pavorosos
Que nos deixam muito tristes
A pensar em seres maldosos
Por que fazem tais loucuras,
Que não pensam no irmão?
Gente que fica sem nada
Sem casas, sem ganha pão.
Não há justiça p'ra isto?
Quem acode à aflição?...
Senhores ministros, estadistas,
Esperamos de vós ação
Não gastem dinheiro à toa
Comprem meios de salvação
E tenham pena dos pobres
Que ficam sem lar, sem pão.
Nós que não fomos queimados
Temos mais é que pensar
Nessas gentes, nessas terras
E nos meios p'rós ajudar.

Clara Mestre

Inferno

E o fogo devorou, devastou
Toda aquela serrania
E eu perguntava a chorar
Onde é que Deus estaria
E pedia em oração
Que Deus nos desse um sinal
E que aliviasse um pouco
Aquele horror infernal.
Deus ouviu as muitas preces
De ajuda, que lhe pediam
E do céu caiu a chuva
P'ra apagar tanta agonia
Foi pouca, mas ajudou!...
Foi um pouquinho do céu
Que veio à terra dizer
Que Deus não nos esqueceu.

Clara Mestre

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Brindar

É uma palavra bizarra
Brinda-se pela felicidade
Brinda-se pela saúde
Brinda-se por estar entre amigos
Brinda-se aos tempos antigos
Brinda-se aos camaradas
Brinda-se às pessoas amadas
Brindam todos de mãos dadas
Brindemos ao amor
E brindo a ti amigo leitor...

Clara Mestre

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Tiro o Chapéu

Tiro o chapéu a este povo
P'lo valente que ele é
Transforma tristeza em riso
E aguenta de pé
Neste lindo Portugal
"De saúde nem se fala"
"As finanças estão doentes"
E o povo aguenta e cala
Não vale a pena falar
Já estamos roucos de todo
Já nos custa acreditar
Que alguém pense neste povo
Mas... não vamos perder a Esperança
Pois ainda queremos ver
Um país equilibrado
E sempre pronto a crescer
Portugal das descobertas
Que tem no mundo, um bocado
Nunca poderá esquecer
Toda a glória do passado.

Clara Mestre

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Incêndios

Nossa terra está a arder,
Vão-se os verdes que amo tanto
O povo fica a sofrer,
Sufocado em fumo e pranto
Sofremos com as vinganças
Com estupidez e maldade,
Com descuidos e indiferenças,
Entretanto... a terra arde...
Não queremos que a nossa terra
Pareça terra lunar,
Nem queremos que a nossa gente,
Fique sem pão e sem lar.
Que volte o verde da esperança
Com a terra renovada,
Que Portugal merece
Ser terra verde e amada.

Clara Mestre

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Recordando O Moinho da Serra do Picoto (Gradil)

No alto da Serra do Picoto
Havia um Moinho que cantava
Como a água canta na fonte
Quando o vento de mansinho
Com um cheiro a rosmaninho
Passeava pelo monte.
Nunca ele estava parado,
Às velas sempre abraçado
Em transportes de carinho!
O vento não se cansava
De deixar um só momento
De beijar esse moinho.
Tanto amor, tanta ternura
Deste moinho encantado.
A mim parecia-me estar
O Moinho a suspirar
Pelo vento apaixonado.

Clara Mestre